ESTÊVÃO BERTONI
DE SÃO PAULO
Nos bolsos, Bruno Colombo sempre carregava um número de mágica. Eles consistiam em truques com cartas, moedas retiradas misteriosamente das orelhas das crianças e notas que eram dobradas, repartidas e reconstituídas com um mero assopro.
Foi um ilusionista, mas só nas horas vagas. Por muitos anos, o paulistano dedicou-se à fábrica de panelas aberta pelo pai há quase 90 anos.
Alessandro, o pai, era um italiano que começou a produzir panelas em sua casa, na Mooca, zona leste de São Paulo. A Alessandro Colombo & Cia. viraria com o tempo a Alumínio Fulgor Ltda.
Bruno passou a ajudar no negócio por volta dos 12 anos. Acabaria se tornando diretor.
A mulher, Josefina, 92, ele conheceu porque ela morava do outro lado da rua onde a fábrica foi fundada. Passaram os últimos 72 anos casados.
Durante a Segunda Guerra, a empresa da família foi usada pelo governo para a fabricação de bombas, granadas e cantis. Na falta do alumínio, então importado, Bruno saía às ruas comprando ferro-velho para ser refundido e usado nas panelas, como conta o filho Nerel, engenheiro mecânico.
Em 1989, a indústria foi vendida para a família Trofa, que, quando chegou da Itália, havia recebido ajuda dos Colombo. Nerel continua trabalhando na Fulgor até hoje.
Aposentado, Bruno começou a viajar com a mulher. A vida toda gostou de praia e teve casas no litoral paulista.
Quando ficava doente, ainda fazia suas mágicas para os médicos. Mas foi se esquecendo delas. Morreu anteontem, aos 95, devido a uma pneumonia. Teve dois filhos, cinco netos e quatro bisnetos.
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