sexta-feira, 26 de outubro de 2012

Bruno Colombo (1917-2012) - Um mágico que fazia panelas


ESTÊVÃO BERTONI
DE SÃO PAULO
Nos bolsos, Bruno Colombo sempre carregava um número de mágica. Eles consistiam em truques com cartas, moedas retiradas misteriosamente das orelhas das crianças e notas que eram dobradas, repartidas e reconstituídas com um mero assopro.

Foi um ilusionista, mas só nas horas vagas. Por muitos anos, o paulistano dedicou-se à fábrica de panelas aberta pelo pai há quase 90 anos.

Alessandro, o pai, era um italiano que começou a produzir panelas em sua casa, na Mooca, zona leste de São Paulo. A Alessandro Colombo & Cia. viraria com o tempo a Alumínio Fulgor Ltda.

Bruno passou a ajudar no negócio por volta dos 12 anos. Acabaria se tornando diretor.
A mulher, Josefina, 92, ele conheceu porque ela morava do outro lado da rua onde a fábrica foi fundada. Passaram os últimos 72 anos casados.

Durante a Segunda Guerra, a empresa da família foi usada pelo governo para a fabricação de bombas, granadas e cantis. Na falta do alumínio, então importado, Bruno saía às ruas comprando ferro-velho para ser refundido e usado nas panelas, como conta o filho Nerel, engenheiro mecânico.

Em 1989, a indústria foi vendida para a família Trofa, que, quando chegou da Itália, havia recebido ajuda dos Colombo. Nerel continua trabalhando na Fulgor até hoje.

Aposentado, Bruno começou a viajar com a mulher. A vida toda gostou de praia e teve casas no litoral paulista.

Quando ficava doente, ainda fazia suas mágicas para os médicos. Mas foi se esquecendo delas. Morreu anteontem, aos 95, devido a uma pneumonia. Teve dois filhos, cinco netos e quatro bisnetos.

Nenhum comentário:

Postar um comentário