terça-feira, 2 de outubro de 2012

“Os espetáculos de magia podem chegar aos casinos”


António Almeida é a cara da Gala Mundial de Estrelas Mágicas de Macau, que tem a próxima edição entre 5 e 7 de Outubro. O organizador apresenta o programa e diz acreditar que os espetáculos de ilusionismo acabarão por fazer parte do entretenimento oferecido pelos casinos locais.


Hélder Beja
A Gala de Estrelas Mágicas de Macau vai para a terceira edição, entre 5 a 7 de Outubro, com quatro espetáculos agendados para o Centro Cultural. Artistas da Oceânia, Ásia, Europa e América compõem o evento que tem como coordenador geral António Almeida e traz magia ‘close up’, grandes ilusões, malabarismo e humor aos palcos do território. 
As sessões estão marcadas para dia 5 às 20h, dia 6 às 16h e 20h, e dia 7 novamente às 16h. Em entrevista, António Almeida fala dos artistas convidados, dos três anos à frente desta gala e de como falta magia aos casinos de Macau.
- O destaque do programa deste ano é o mágico português David Sousa. O que é que nos pode dizer sobre ele?
António Almeida – O David Sousa é o mágico português mais premiado da actualidade, com grande destaque a nível internacional. Foi vice-campeão mundial no Congresso Internacional de Magia, em 2006, e Varinha de Ouro no Monte Carlo Magic Stars, sendo estes os dois concursos com maior destaque a nível mundial. Ele tem actuado no mundo inteiro, em festivais de magia em muitos países, e também tem dado conferências para profissionais do sector.
- A especialidade deste mágico é a manipulação. O que é que isso significa?
A.A. – É a magia em que aparentemente não se recorre a qualquer aparato ou utensílio. O mágico entra em palco sem nada mas ao longo da sua actuação vai fazendo aparecer e desaparecer objectos à nossa frente. É uma das modalidades mais difíceis na área do ilusionismo, é aquela que requer mais treino para atingir um grande nível. O David é considerado um dos melhores mágicos nesta área a nível mundial.
- Quando se olha para o programa, uma das coisas que salta à vista são as presenças femininas, com uma artista japonesa e um casal. Já há uma grande quantidade de mulheres a praticar magia?
A.A. – Sim, nos últimos anos têm aparecido cada vez mais, e cada vez com mais nível. Hoje já existem ilusionistas do sexo feminino que alcançam prémios de escala mundial e que têm muita qualidade. Desta vez temos o prazer de convidar uma japonesa, a Nao Murata, que é muito jovem mas que tem conquistado grande plateia e é considerada uma das mágicas mais famosas da Ásia.
- No caso da Nao Murata, o tipo de magia que ela pratica reflecte também a cultura do seu país? Esse tipo de factores influencia os mágicos?
A.A. – Sim, sem dúvida. Ela tem a elegância, a feminilidade e os materiais que são utilizados e que demonstram essa vertente feminina da artista. Dentro da sua magia há com certeza aspectos culturais relacionados com o Japão.
- Já os Viva Magic são uma dupla, o único casal do programa. O que é que espera deles?
A.A. – São um casal da Malásia, um grupo muito famoso no seu país e no Sudeste Asiático, e que vem apresentar-nos uma modalidade um bocado diferente, a que a gente chama em inglês ‘clothes quick change’. Em palco, em sete minutos que são a sua rotina, vê-se eles a mudarem as roupas em segundos, várias vezes. Não é fácil descrever isto, mas é uma arte um bocado distinta em que eles são especialistas.
- O programa vai da magia ‘close up’ até à grande ilusão. Qual destes mágicos é especialista em grandes ilusões?
A.A. – A grande ilusão estará a cargo do norte-americano, o Joel Ward. Ele vai recorrer a um elemento essencial, que são os animais. Recorrerá também a grandes aparatos em palco, bem como ao público, que também irá participar. O Joel Ward, nos EUA, é um jovem talentoso que aparece em inúmeros programas de televisão e ao mesmo tempo actua com muita frequência em hotéis e casinos de Las Vegas.
- Que tipo de animais é que ele vai usar?
A.A. – Vai pelo menos recorrer ao animal clássico nestes espectáculos, que são as pombas. Mas ele classifica o seu trabalho como magia clássica com aspecto contemporâneo.
- Finalmente temos o britânico Andy Comic, de quem ainda não falámos.
A.A. – Sim, e que vai ser certamente o artista mais adorado pelo público mais jovem. Ele trabalha com o humor e junta a magia ao malabarismo. Esta magia cómica é muito difícil, mas certamente que ele vai ser adorado pelas crianças. Queremos que estes espectáculos sejam para todos os sectores etários.
- Falemos então do público. Há essa preocupação de chamar várias gerações às sessões no CCM?
A.A. – É isso que se tem verificado nas outras edições. Temos conseguido artistas de nível, para que todo o público local, dos mais velhos aos mais novos, possa ter acesso a espectáculos desta qualidade, que em Macau não aparecem com muita frequência.
- A Associação de Ilusionismo de Macau, que é a organizadora do evento, tem neste momento 40 membros. Há um objectivo de fazer crescer este número?
A.A. – A associação tem como fim dignificar e divulgar a arte do ilusionismo em Macau e um dos nossos principais objectivos é dar a conhecer a arte da magia através de espectáculos públicos. Pouco a pouco, através desses espectáculos e de outras actividades que se organizam, queremos conquistar um público, sem pressa.
- Todos os membros da associação são praticantes de magia?
A.A. – São, mas amadores, fazem por gosto. São pessoas que se interessam por isto e foram aprendendo. A Internet é hoje em dia um dos métodos mais fáceis para começar a fazer magia, mas depois com certeza que é preciso juntar-se a uma associação ou começar a aprender mais através de livros. Quem tenha interesse consegue ter acesso a tudo.
- Esta associação de Macau mantém relação com outras entidades do género?
A.A. – A associação é reconhecida pela International Brotherhood of Magicians, como filial número 357. É uma associação reconhecida a nível internacional.
- Para os próximos anos, além de manter o evento como ele já existe, qual é a expectativa em relação ao crescimento da gala?
A.A. – Queremos crescer em termos de espectáculos. Gostava que os espectáculos fossem não apenas no Centro Cultural mas também noutros locais, como nos hotéis, casinos e mesmo nas ruas de Macau.
- Macau, sendo dos maiores centros de jogo do mundo, não tem uma tradição de espectáculos de magia nos casinos, que são muito populares em Las Vegas, por exemplo.
A.A. – É verdade. Acredito que com esta introdução da magia a Macau, num curto espaço de tempo estes espectáculos de magia de grande escala podem chegar aos casinos. É muito comum qualquer hotel de Las Vegas ter grandes espectáculos de ilusionismo.
- Macau tem esse potencial?
A.A. – Com certeza. Macau não é uma excepção. O entretenimento está ligado à área do jogo e este é um objectivo dos casinos e do próprio Governo.
- Que balanço faz destes três anos a organizar a Gala de Estrelas Mágicas?
A.A. – É extremamente difícil organizar um evento desta escala. Nas últimas edições o resultado tem sido muito positivo. Há motivação para continuar e aspirar a mais no futuro.

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